2012 / HD / Video-Instalação
Um canal, 45' em loop, som binaural com headphones
DESCRIÇÃO
Em um mesmo ponto de partida – uma colina em Marselha – há dois corpos: Maya (M) e a camera (C). (M) é móvel e desloca-se num espaço limitado, definido por um lado pelo ponto de partida e, por outro, pela borda da cidade ou a linha que contorna esse laboratório improvável. Neste labirinto, que se estende do ponto inicial até a costa, um há conjunto de obstáculos dados (muros, viadutos, semáforos, etc.) que limitam a circulação de (M). (M) tende a chegar a algum ponto da borda mas seu percurso é indeterminado, sujeito a desejos, afetos, decisões arbitrárias. A cada ponto do deslocamento, (M) comunica sua posição a um sistema de satélites (GPS) que pairam sobre o labirinto. Por fim, nas orelhas de (M), microfones espelham tudo o que ela ouve, e são capazes de repetir o instável balanço sonoro binaural. (M) não fala para (C), mas para (GPS), e (C), por sua vez, nada sabe de (M): seus movimentos são respostas aos estímulos (GPS) como um chute no ar responde a uma batida na patela. (M) começa a mover-se. (C) a segue. Após certo tempo já não vemos (M), perdida dentro do labirinto. (C) continua a segui-la, indiferente aos obstáculos que os separam, buscando a linha reta que o levará diretamente até (M). Relacionam-se por código bruto, motor, ação e reação. E não teremos nenhuma prova empírica da exatidão do dispositivo. O sistema é regido pela regra da tradução, da conversão, da decodificação: a transformação delirante de um pedaço de informação em outra. Olhamos para a imagem, sabemos que (M) está ali, na alça de mira, mas não a vemos. Vemos apenas memórias cegas de (C), registradas na tentativa de encontrar (M), imagens da opacidade do labirinto que a acolhe. E cegos, ouvimos algo que, lá dentro, tocou as próteses em seus ouvidos.
Pedro França, catálogo da exposição Panorama 14
IMPRENSA
"O projeto mais representativo da criação contemporânea que vimos este ano no Fresnoy é o da brasileira Maya Da-Rin, que remixa em um belo conjunto algumas das preocupações da errância contemporânea, dos nossos corpos no espaço “aumentado”, das topografias emotivas, da psicogeografia à la Guy Debord (“O estudo das leis exatas e dos efeitos precisos do meio geográfico, conscientemente organizado ou não, atuando diretamente sobre as emoções e os comportamentos dos indivíduos") e de pura poesia. (...) Horizonte de eventos é portanto uma obra altamente política, que critica a nossa relação com essas novas mídias, a nossa dependência sujeita a esses fluxos. Mas esta crítica é sutil, ela se dá através uma economia visual, uma forma de ascetismo que não diminui em nada a tecnicidade do dispositivo. E nós gostamos de pensar que as duas obras mais novas desse "Elasticidades", a de Rokeby e essa última, são também as mais emancipadas dos grilhões da sociedade do espetáculo".
Annick Rivoire, Poptronics
EXIBIÇÕES COLETIVAS
Quero Te Encontrar. Galeria La Maudite. Paris, França.
Selected Works from Le Fresnoy. Contemporary Art Center. Vilnius, Lituânia
Panorama 14 - Elasticité. Le Fresnoy – Estúdio Nacional de Arte Contemporânea, França.
REGISTRO DA INSTALAÇÃO